TREINAMENTO DE LÍDERES DE CÉLULAS LIÇÃO 5 TLC

TREINAMENTO DE LÍDERES DE CÉLULAS LIÇÃO 5 TLC

Lição 5

PRINCÍPIOS PODEROSOS A SEREM OBSERVADOS PELOS LÍDERES DE CÉLULAS

Depois de mais de décadas envolvidos no ministério de células, nós estamos convencido de que não há melhor atmosfera para cumprir o imperativo da Grande Comissão do Senhor Jesus do que a célula e o discipulado pessoal um a um.

Através do discipulado um a um o cristão normal cumpre a sua missão aqui na Terra, tanto vivendo em comunhão e relacionamento com outros santos como alcançando novas pessoas para dentro da vida da igreja e do Reino de Deus. Contudo, incorporar simplesmente um programa de células não é garantia de que uma igreja se tornará saudável e crescente.

Um ministério de células deve estar baseado em relacionamentos e valores bíblicos, não apenas em um bom programa. A célula deve ser um lugar onde uma família espiritual é criada – onde pais e mães espirituais treinam e liberam seus filhos espirituais para formar novas famílias (I João 2.12-14).

Se não for assim, o ministério de células se torna apenas um ornamento, uma ferramenta para dar a impressão de que a igreja é moderna, acompanha o mover eclesiológico pelo qual passam as denominações e os novos grupos cristãos.

Células” podem também se tornar o mais recente programa da igreja, até que surja uma novidade mais atraente. Por isso, se quisermos alcançar o mundo com um ministério de células que prioriza relacionamentos pessoais, temos que enfatizar muito mais os valores bíblicos do que os métodos

Uma vez que são os valores básicos de nossas vidas determinam o que nós realmente cremos, serão eles também que direcionarão nossas ações e atitudes. E se esses valores não estiverem fundamentados na Palavra de Deus, nós estaremos apenas experimentando mais uma boa ideia. Só que de boas ideias o mundo está cheio.

Muitas igrejas, ao começar seus programas de células, escolhem métodos sem entender corretamente os valores por trás desses métodos. Isso certamente causará problemas. Mas, quando nós entendemos os valores que são ensinados, os métodos se seguirão.

Na Igreja Vidas para Cristo nós não sacralizamos métodos, fórmulas, nem tampouco achamos que temos um modelo imexível, infalível como o cânon das Escrituras. O modelo está sendo aperfeiçoado, melhorado a cada dia. Se alguém adaptar ou traduzir para a sua realidade e contexto alguns dos nossos métodos, de maneira nenhuma perderá a sua porção ou galardão no céu.

Com base no que temos aprendido com outros irmãos e ministérios, e principalmente naquilo que o Senhor tem nos ensinado ao logo deste tempo, cremos que um poderoso ministério de células – um modelo de discipulado – é um “odre” para que os valores espirituais sejam encorajados e experimentados. Assim, cremos, como outros ministérios também creem, que o que se segue são alguns princípios e valores fundamentais a ser observados: 

ENTENDER QUE ESTAMOS NOS PREPARANDO PARA A COLHEITA

  • O Senhor promete derramar do Seu Espírito nos últimos dias. Uma colheita virá quando o Senhor atrair multidões para o Seu Reino.
  • Antes de profetizar o enchimento do Espírito Santo para Israel e para todos os povos, o profeta Joel profetiza uma abundância de cereais, de grãos, uma grande colheita:

    Eis que vos envio o cereal, e o vinho, e o óleo, e deles sereis fartos, e vos não entregarei mais ao opróbrio entre as nações… As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo” (Joel 2.19,24).

  • Antes de mandar os doze discípulos de dois em dois, Jesus compadeceu-Se das multidões, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor (Mateus 9.36).
  • Uma das maneiras de nos prepararmos para a colheita é a oração, em obediência ao mandamento de Jesus, quando disse: “Rogai, pois, ao senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mateus 9.38).
  • Em João 4.35, Jesus já aponta os campos prontos para a colheita: “Eu, porém, vos digo: Erguei os vossos olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa”.
  • Jesus está convidando a igreja para preparar novos odres (novas células) para conter o vinho novo de Sua colheita, a qual Ele fará com a nossa ajuda obediente.
  • Hoje os nossos lagares (vida pessoal e familiar, célula, igreja) transbordam de vinho e de óleo, simbolizando a graça de Deus e a unção do Espírito Santo, que nos habilita para realizarmos a maior colheita do universo – recolher os frutos maduros para os celeiros do nosso Deus e Pai.

CONHECER NOSSO PROPÓSITO E ALCANÇAR OS PERDIDOS (EVANGELISMO)

  • A comunhão genuína ocorre quando nós, como um grupo coeso, enfatizamos a importância de alcançar os perdidos.
  • Células que focalizam somente o crescimento interior de seus membros se tornam estagnadas. Focalizar e alcançar o exterior traz vida para dentro da célula.
  • No discipulado dá-se uma forte ênfase ao evangelismo pessoal, aos eventos de colheita, mas acima de tudo à estratégia denominada Projeto Natanael 3, onde cada membro da célula tem pelo menos três pessoas que ele está tentando levar a Cristo, como Filipe fez com Natanael (João 1.45-51).

Entendendo a Estratégia de ganhar almas através do Projeto Natanael 3

Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê.
Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.
Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.
Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.
Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás.
E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. João 1:45-51

  • Uma vez que um Natanael ou uma Natanaela se converte, podemos substituí-los por alguém mais, de maneira que podemos ter sempre alguém como alvo das nossas orações e objetivo de conduzi-las a Jesus.

Com base no texto acima, o pastor Abe Huber desenvolveu o que chamamos de “Projeto Natanael Três“, que visa abordar três amigos para despertar neles o desejo de conhecer o Salvador. Sem debates teológicos ou filosóficos, mas sempre levando a pessoa desfrutar de amor e atenção.

Projeto Natanael Três em ação

O Projeto Natanael Três tem como objetivo levar àquela pessoa a conhecer o verdadeiro amor de Jesus. Primeiramente, nós oramos e jejuamos por ela, indo buscá-la em casa, levando à igreja, ganhando e cuidado dela, até vê-la tornar-se um verdadeiro discípulo ou discípula. Essa etapa consolida aquela pessoa para confessar a Jesus como Salvador e a torná-la um membro responsável, já integrado à célula.

Para fortalecer ainda mais essa estratégia, o líder de célula deve encorajar cada membro a apresentar o nome de três amigos ou amigas. Durante um mês, a célula, ao se reunir, deve orar por essas três pessoas que cada um apresentou. Ao mesmo tempo, esses membros são mobilizados a incluir os nomes desses “Natanaéis” nas orações de seu TSD (Tempo Sozinho com Deus). Para ajudar na consolidação desse processo, o líder deve fazer uma escala de jejum de pelo menos uma refeição, dentre os membros que podem jejuar.

Ao final dos trinta dias, encerra-se essa coluna com um jantar, que denominamos de “Jantar dos Natanaéis”, promovido pela célula ou setor, em que todas as pessoas que são alvos de oração são convidadas para aquela noite. Tudo deve ser feito com muito estilo e excelência para causa uma boa impressão, é claro.

Jantar dos Natanéis

Na abertura do jantar, o líder apresenta todos os convidados, mencionando nome por nome, e depois é servido o jantar pelos próprios membros da célula, como se fossem garçons. Isso fará com que eles se sintam amados.

Depois de servirem, o líder chama os membros da célula e os apresenta, e lhe fala o real motivo daquela comemoração: tem alguém ali que os ama, e que levou os seus nomes para receber oração, e eles verdadeiramente desejam continuar como amigos, seguindo a Jesus junto com cada “Natanael”.

O líder pergunta se alguém ali, naquela noite, deseja fazer parte dessa nova família. Após a oração é servida a sobremesa, e, nesse momento, aquele amigo, que é membro da célula, senta-se com seus respectivos “Natanaéis”, e propõe que se faça uma campanha de oração em sua cada, o GE (Grupo de Evangelismo). Ou pergunta ainda se eles já querem fazer parte desse grupo de amigos (que é a célula, mas que podemos chamar de “grupo de amigos” para facilitar a comunicação com eles, nesse momento de abordagem inicial.

  • Uma pesquisa feita pelo Dr. Flavel Yeakley, sobre a maneira como as pessoas se aproximam da igreja ou permanecem nela, revela o seguinte:

POR QUE AS PESSOAS ACEITAM OU DEIXAM DE ACEITAR A IGREJA

3 GRUPOS DE 240 PESSOAS CADA  COMO FORAM ABORDADAS COM A MENSAGEM  RESULTADOS OBTIDOS
Primeiro Grupo Monólogo manipulador. Método de pressão:

pegar pelo braço e forçar”.

71% afastaram-se logo depois. Não continuaram.
Segundo Grupo Transmissão de informação. “Aqui está o evangelho; é pegar ou largar”. 84% NÃO aceitaram.
Terceiro Grupo Diálogo criativo, por amizade, amor genuíno. 94 % aceitaram a mensagem e se tornaram membros ativos da igreja.
  • Vemos, portanto, que a amizade é uma chave poderosa para abrir mentes e corações para mensagem da Palavra de Deus.
  • Devemos investir os nossos dons específicos para o cumprimento da Grande Comissão. Cada crente fiel é um ministro salvo, chamado e autorizado para o ministério (I Pedro 2.9).
  • Ser ministro do Senhor significa que cada um de nós tem pelos menos um dom específico, que pode e deve ser usado na sublime missão de ganhar vidas. 
  • Devemos servir o não cristão (aquele que ainda não teve uma experiência com Deus) com o dom dado por Deus através do Espírito Santo. De acordo com pesquisas, nós temos bom relacionamento, em média, com 8 a 9 pessoas.
  • Será que todas as pessoas do nosso relacionamento mais próximo estão salvas? Será que não temos nenhuma oportunidade de servir essas pessoas com o nosso dom? Será que elas não têm nenhuma necessidade? Será que temos amado, nos importado o bastante com elas?
  • Devemos esforçar-nos para que estas pessoas ouçam o Evangelho. O líder, auxiliar ou membro de célula que vive o Evangelho não tem dificuldade de pregar o Evangelho, pois a sua vida demonstra que há relacionamento com Deus, e essa é a maior pregação.
  • Existem muitas “formas” de evangelismo que podemos usar, como por exemplo: panfletagem, cartazes, faixas, grandes ajuntamentos, mídia, etc. São métodos que podem ou não funcionar bem, dependendo de onde, como e para quem são empregados.
  • Melhor que os métodos acima, devemos fazer um convite pessoal para que essas pessoas entrem em contato com a célula e a Igreja. Um convite pessoal àquela pessoa com a qual desfrutamos de um bom relacionamento, a quem já servimos com o nosso dom específico, e com quem já temos compartilhado a fé, é a melhor opção. 
  • Eu pessoalmente já tive a alegria de ganhar alguém para Jesus, de ter um “filho espiritual”?
  • Minha vida e atitudes demonstram que eu conheço e me relaciona com o Cristo ressurreto, e com a pessoa que providencia discipulado e cuidado pessoal para mim?
  • Estou disponível, pela graça de Deus, para compartilhar a fé com aqueles com quem tenho constantes contatos? Tenho amado e me importado com o perdido, ficando atento às suas necessidades?
  • Tenho me colocado à disposição da minha igreja, com alegria e entusiasmo, para ver a obra de Deus crescer e prosperar? Posso olhar para algumas pessoas na igreja e dizer: “Esta pessoa está aqui porque o Espírito santo me usou para trazê-la?”

PRATICAR A GRANDE COMISSÃO (DISCIPULADO)

  • A grande ordem de nosso Mestre é para irmos e fazermos discípulos, não apenas convertidos.
  • As células providenciam a oportunidade para que cada crente se envolva na tarefa de fazer discípulos (Mateus 28.19-20). Elas são verdadeiras incubadoras de toda a vida da igreja, em todas as suas dimensões.
  • Na célula acontece também o treinamento de liderança. Cada auxiliar e cada membro, ao desempenhar qualquer função na célula, estão fazendo a obra de Deus. Assim, devemos estimulá-los a fazer o trabalho.
  • Quando os auxiliares são treinados, eles desenvolvem seus dons espirituais, e assim novos líderes e auxiliares são por eles despertados e treinados.
  • A Grande Comissão trata, sobretudo, de um evangelismo responsável, onde aquele que ganha a pessoa para Jesus assume também a responsabilidade pelo seu crescimento e desenvolvimento espiritual.
  • É muita irresponsabilidade quando um homem sai por aí gerando filhos sem reconhecê-los ou assumir o compromisso natural de cuidar deles. O mesmo é verdade quando se tratam de filhos espirituais!
  • Devemos ter muito cuidado para que nossos esforços de evangelismo não se transformem em vacinas contra o cristianismo real. Lembrando que uma vacina ou inoculação impede alguém de receber um contágio real ao lhe darmos apenas uma pequena porção daquilo que queremos impedir, tornando a pessoa imune e resistente àquele contágio no futuro.
  • A Grande Comissão é uma tarefa plural, dada a vários discípulos ao mesmo tempo. Existem muitos mandamentos na Bíblia que estão no singular, mas a Grande Comissão é corporativa – deve ser praticada pelo corpo. Jesus não disse: “Vai e faz discípulos” (segunda pessoa do singular), mas “Ide e fazei discípulos” (segunda pessoa do plural).
  • A tarefa da Grande Comissão é mais bem cumprida quando agimos juntos: todos indo, todos discipulando, todos batizando, todos obedecendo, todos ensinado; a tarefa se faz de maneira mais acelerada quando treinamos os discípulos para a multiplicação.

LEVANTAR PAIS E MÃES ESPIRITUAIS

  • Existem milhares de professores hoje, mas poucos pais e mães espirituais para nutrir os novos cristãos.
  • Células são excelentes incubadoras em que as famílias espirituais crescem e se desenvolvem. Com um pai ou uma mãe espiritual ao seu lado, um filho ou uma filha espiritual vai crescer e se tornar espiritualmente forte, aprendendo de maneira rápida e natural pelo exemplo.
  • Assim como nas famílias naturais, as famílias espirituais saudáveis esperam que seus filhos também se tornem pais e mães experientes, sendo liberados pela multiplicação para liderar ou para começar suas próprias células e, no futuro, até mesmo igrejas (I Coríntios 4.15-17; I João 2.12-14).
  • Muitos têm medo de assumir o papel de pais ou mães espirituais porque seus referenciais foram falhos, sejam os referenciais biológicos sejam os espirituais.
  • Muitos têm medo, insegurança, indiferença, preconceito, impaciência, desmotivação e insensibilidade, quando o assunto é cuidar de filhos espirituais: educá-los, fazê-los crescer, tornar-se maduros e reprodutivos.

Características de verdadeiros pais e mães espirituais 

  • Nesse tópico, ao falar de pais e mães e espirituais, estamos falando de líderes de célula e discipuladores. Consequentemente, estamos também falando de todos os níveis de liderança que vêm acima destes;
  • Pais e mães espirituais ajudam os seus filhos a reconhecer, desenvolver e cumprir o potencial que lhes foi dado por Deus;
  • Pais espirituais ajudam seus filhos a construir um saudável senso de propósito e identidade, ajudando-os a cumprir seu chamado e missão de vida;
  • Pais e mães espirituais são mentores dos seus filhos, estimuladores e promotores do seu potencial;
  • Como os pais e mães naturais, os pais e mães espirituais também demonstram amor (linguagem de amor), carinho e afeição;
  • Pais e mães espirituais constroem uma atmosfera de afirmação, segurança e compromisso para assegurar o bem-estar e êxito dos seus filhos;
  • Pais e mães espirituais treinam e supervisionam nas primeiras tarefas, como a águia que empurra os filhotes do ninho, mas ficam ao seu lado, até que eles aprendam a voar e percam o medo das alturas;
  • Pais e mães espirituais fazem provisão. Provisão é um acúmulo para o futuro investimento numa visão; providência de recursos para os seus em função de uma visão;
  • Pais espirituais transferem unção e partilham herança. Você já orou liberando sobre seus filhos aquilo que Deus tem lhe dado? Muitos pais entendem a importância de amar, prover e treinar, mas desconhecem a fundamental importância de transferir unção, bênção e autoridade para seus filhos;
  • Pais e mães são modelos e exemplos. Na verdade, um bom pai e uma boa mãe espiritual sempre é um bom filho ou boa filha;
  • Pais e mães espirituais nunca pedem algo dos seus filhos que eles mesmos já não tenham feito ou estejam fazendo;
  • Verdadeiros pais espirituais confiam e investem antes de verem qualquer resultado. Líderes só se tornam líderes quando outro líder resolve acreditar na sua vida;
  • Os verdadeiros pais enxergam o que seus filhos se tornarão antes deles o serem de fato. É uma visão de fé e confiança. Essa é uma diferença chave entre irmãos e pais;
  • Outros se relacionam com você na base do que você é, como faz o gerente de banco: você é o cliente. Pais espirituais enxergam o potencial, despertam a liderança que está incubada dentro das pessoas, treinam, dão oportunidade para o desenvolvimento de seus filhos, investem nos seus sonhos e os apoiam para cumprirem seu destino;
  • Pais espirituais são acessíveis. Tios ou profissionais do púlpito ou dos palcos são burocráticos, sistemáticos, difíceis de serem achados e, quando encontrados, não estão disponíveis, têm sempre algo muito sério e importante para cuidar do que atender gente;
  • Pais espirituais não são dominadores, são orientadores – sua maior arma de influencia é seu exemplo.

DEVEMOS VER A IGREJA COMO PESSOAS, NÃO UM PRÉDIO

  • Isso é o que poderia ser chamado de resistir ao “mito do santo templo”. O templo é importante, mas não estamos mais nos dias do Antigo Testamento, quando as pessoas deviam subir a Jerusalém para adorar a Deus no templo situado no Monte Sião.
  • A igreja são pessoas (os chamados). Cada pessoa é importante e escolhida por Deus. Jesus nos diz que Ele mesmo é o que edifica a Sua igreja. Ele não estava falando de um templo físico, mas de um agrupamento, uma companhia de pessoas.
  • Já vimos nas primeiras lições deste material que a igreja do Novo Testamento se reunia tanto de casa em casa como publicamente (Mateus 16.18; Atos 20.20).
  • Os prédios são os ambientes físicos necessários para o ajuntamento celebracional da igreja. Existem de todos os tamanhos, formatos e suntuosidade. Alguns são simples barracões; outros, verdadeiras obras de arquitetura e luxo.
  • Todo líder e todo membro de igreja quer a estrutura física de sua igreja bonita, aconchegante, climatizada, atraente. Não há nada de errado nisso. O erro está quando temos prédios belíssimos cheios de pessoas vazias.
  • A verdadeira igreja de Jesus são pessoas, perdoados, salvos, remidos. Assim como se emprega tijolo e pedras para aas construções físicas, Jesus é a Pedra maior, e todos nós pedras auxiliares na grande construção da Casa de Deus.
  • O apóstolo Pedro ilustra bem a verdade acima: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (I Pedro 2.4,5).
  • A igreja está edificada sobre um fundamento muito sólido, conforme demonstra Paulo apóstolo: “

edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito” (Efésios 2.20-22).

  • A Igreja, enquanto agência divina, possui cinco funções básicas: proclamação, adoração, comunhão, serviço e ensino. Entre esses papeis não existe aquele que possua maior ou menor grau de importância, todos são preponderantes. Porém, é exatamente o ensino,

O discipulado que é o responsável por dar qualidade e sustentação aos demais.

  • Existem muitos templos bonitos que não têm uma igreja viva se reunindo neles, como é o caso de muitas catedrais suntuosas na Europa e na América do Norte. Ou o caso daqueles que se transformaram em museus ou centros culturais, aqui mesmo no Brasil.
  • Existem muitos casos de igrejas sem templo. São ajuntamentos de pedras vivas que alugam um espaço, que tomam emprestadas salas e quintais, escolas, quadras esportivas, ambientes em que possam realizar suas celebrações.
  • Existem igrejas que não podem se reunir publicamente por conta da perseguição dos governantes, como é o caso de alguns redutos comunistas e ateístas que ainda permanecem no mundo, ou a perseguição do fundamentalismo religioso, como é o caso de muitos países do Oriente Médio.
  • Nossa vida, nosso corpo é o verdadeiro santuário, prédio do Senhor: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (I Coríntios 3.16,17).
  • Assim, sendo cada membro do corpo de Cristo uma pedra viva, devemos lapidá-las bem para que cumpram corretamente a sua função na construção deste grande Edifício.

OS SANTOS SÃO CHAMADOS PARA FAZER O TRABALHO DO MINISTÉRIO

  • Devemos resistir ao “mito do santo homem”. Pensar que o “santo homem” (pastor) deve fazer todo o trabalho do ministério sozinho é um mito. Na verdade, todos são santos, apenas com responsabilidades de tamanhos e formatos diferentes.
  • O que Ele fez, e com que propósito?E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo…” (Efésios 4.11,12).
  • Na verdade, todos os crentes devem ser santos e operantes. Deus tem dado dons a cada um dos Seus filhos, talentos e ministérios para serem usados na edificação da Sua igreja.
  • Muitos dos dons e ministérios só podem ser bem desenvolvidos num contexto de pequenos grupos. Desta forma, os crentes são liberados para treinar outros. Quando todos os membros estão funcionando corretamente em seus dons e ministérios, a igreja toda vai crescer e prosperar.
  • Os pastores e obreiros não terão que fazer todo o ministério, mas, ao contrário, são liberados para treinar cada crente para ser um ministro, desenvolver o trabalho (Efésios 4.11-12).
  • Nem os apóstolos, nem profetas, nem os evangelistas, nem os pastores e mestres estão destinados a realizar o trabalho do ministério ou mesmo edificar o corpo de Cristo no varejo. Essas tarefas devem ser feitas pelo povo, os cristãos comuns que vivem Cristo no meio da comunidade.
  • Os cinco ofícios de apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre, têm apenas uma função: a de equipar os cristãos comuns para preencherem as tarefas que lhes foram designadas.
  • No grego original a palavra “equipar” é ??????????? (katartismon), de onde também provêm as palavras “artesão“, “artista” e “artífice“, alguém que trabalha com as mãos para fazer ou construir algo.
  • É especialmente interessante que esta mesma palavra mesma aparece pela primeira vez no Novo Testamento em conexão com a vocação dos discípulos. Quando Jesus andava ao longo das margens do Mar da Galiléia, ele viu dois pares de irmãos, Pedro e André, Tiago e João, sentados num barco, muito ocupados com alguma coisa. Eles estavam consertando suas redes. A palavra “consertar” é aquela mesma traduzida em Efésios 4 como “aperfeiçoamento“, ou “equipamento“, nas nossas versões.
  • Esta figura sugere que o papel dos cinco dons de apoio dentro da igreja é essencialmente o de consertar os santos, aprontando-os para o trabalho. A palavra também é traduzida como “aparelhar” ou “preparar“.
  • H. Thayer, uma autoridade na língua grega, diz que a palavra significa “fazer de alguém aquilo que ele deveria ser“. Talvez o equivalente contemporâneo mais próximo seja “colocar em forma“. O objetivo dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres é, em última análise, colocar os santos em forma para efetuarem o trabalho do ministério.
  • Nas palavras de Pedro, o ensino da verdade da palavra de Deus é aquilo que ele chama de pastorear o rebanho de Deus que há entre vós (I Pedro 5.2). Esse pastorear aqui é uma ideia mais ampla, significando o trabalho de todo os cinco ministérios em conjunto.
  • O líder de célula e o discipulador são co-responsáveis, juntamente com toda a liderança da igreja, por treinar e edificar todos os santos para o serviço.
  • Quando Pedro escreve a certos pastores (ou presbíteros) ele se retrata como um presbítero como eles, e os exorta: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiado, antes tornando-vos modelos do rebanho” (I Pedro 5.2-3).
  • Devemos seguir o conselho de Paulo, quando descreve seu próprio ministério, nesses termos: “A Cristo nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos, todo homem perfeito em Cristo (Colossenses 1.28).
  • Advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria: este é o caminho que Paulo seguiu para pôr os santos em forma. Em linguajar ainda mais moderno, os líderes são como personal trainers daqueles que estão combatendo o bom combate.

DESENVOLVER CONFIANÇA E RELACIONAMENTO

  • A igreja do Novo Testamento é edificada sobre confiança e relacionamento, não apenas em reuniões e programas. A célula deve acontecer com base nesse mesmo padrão.
  • A visão do Discipulado prioriza relacionamentos em todos os sentidos, tanto para com Deus, com a família, com os líderes, liderados, com os membros da célula, amigos não cristãos, de maneira que Cristo seja encarnado na vida de cada cristão.
  • Primeiro, e antes de tudo, devemos confiar em Deus; depois devemos confiar nos nossos companheiros de trabalho e ministério. Quando os relacionamentos são muito fortes, correndo nas veias da célula e todos os seus membros, Deus ajunta as pedras vivas por meio da argamassa de relacionamentos saudáveis (I Pedro 2.5; Efésios 4.16).
  • Esse assunto já foi bastante discutido neste material. Para maior aprofundamento, leia os livros O Fator Barnabé e O Purê de Batatas, de autoria do Pastor Abe, e ambos publicados pela MDA Publicações em parceria com a Premius Editora.

ESPERAR E PROMOVER MULTIPLICAÇÃO ESPIRITUAL

  • O Senhor nos ordena que sejamos frutíferos, multipliquemos e enchamos a Terra. Tudo que tem vida deve se multiplicar. Crentes que conduzem outros a Cristo se multiplicam. Células se multiplicam. Igrejas se multiplicam.
  • Uma chave para experimentar multiplicação espiritual é esperar que ela aconteça (Gênesis 1.28; Atos 6.1,7; 9.31). Um espírito de fé bíblica

e genuína deve estar presente em cada fase, cada etapa da vida da célula e do discipulado, parta garantir resultados divinos.

  • O ministério de células deve treinar o maior número possível de líderes como preparação para as futuras multiplicações das células. Cada célula não pode ter apenas um auxiliar, mas vários.
  • O ideal é que cada membro da célula seja um auxiliar. No momento da multiplicação ou fundação de novas células, alguns ou todos estarão preparados para desempenhar a nobre função de cuidar dos irmãos, liderá-los para a maturidade.
  • Na visão da VPC, o ideal é que a célula se multiplique duas vezes por ano. Assim, em 12 meses, uma célula deve treinar, no mínimo, seis auxiliares diretos e três indiretos.
  • Este assunto já e ainda será amplamente tratado em outras lições deste material, por isso releia as lições para mais aprofundamento sobre o tema.

SER FLEXÍVEL E CRIATIVO

  • Deus valoriza a flexibilidade e a criatividade, e nós precisamos fazer o mesmo. Duas impressões digitais nunca são iguais, nem duas células também o são.
  • Todos nós usamos os mesmos princípios bíblicos, mas a maneira como eles operam varia de cultura para cultura, de igreja para igreja, de célula para célula.
  • Peça ao Senhor que lhe dê sabedoria para permanecer criativo no ministério de células. Surpreenda seus membros cada semana com algo novo e criativo, coisas interessantes e agradáveis que motivarão a todos.
  • Cuidado para não ter uma mentalidade de fôrma de bolo, bitolada, querendo que tudo saia quadradinho ou redondinho. Rotina produz enfado, monotonia. Criatividade libera vida! (II Coríntios 3.17-19).
  • Algumas igrejas têm apenas células gerais, sem grupos homogêneos. Isto é um erro. O correto é ter células de jovens, células de empresários, células de senhores, de senhoras, de pais e mães solteiros, de crianças, etc.
  • Há igrejas que radicalizam em torno das células homogêneas: não aceitam, terminantemente, células heterogêneas. Maridos, mulheres e filhos têm que estar necessariamente separados, cada um numa célula só de homens, só de mulheres, só de meninos, só de meninas, e ainda de acordo com a sua idade.
  • Deve haver flexibilidade para que na mesma igreja co-existam células homogêneas e células heterogêneas. Os casais podem congregar juntos, se esse for o seu desejo, assim como existem jovens solteiros que se sentem melhor numa célula de adultos com vários casais.
  • Relacionamentos, afinidades, vinculações são mais importantes do que a estratificação etária e de gênero que valorizamos. As pessoas precisam ser bem cuidadas, conquistadas para esse ou aquele desafio, e não empurradas para fazer o que não gostam ou não entendem direito.
  • Precisamos de odres novos para o vinho novo. Mas Jesus nunca disse que existe um tamanho ou um formato correto de odre, fora do qual tudo o mais não serve. Devemos usar qualquer odre que seja necessário e útil para que o vinho novo produza crescimento e maturidade.

CAPACITAR O POVO DE DEUS

  • Jesus prometeu aos Seus discípulos que eles fariam maiores obras do que Ele fez, e nós estamos incluídos nesta promessa. Ele nos capacitou para fazer a obra de Deus em nossa geração.
  • Líderes sábios capacitam os líderes das células como ministros do Senhor Jesus Cristo, assim como capacitam também os auxiliares e membros (João 14.12; II Timóteo 2.2).
  • Um bom líder de célula sempre prepara a sua substituição no trabalho. Ele sabe que a célula vai se multiplicar, sabe que ele vai se tornar um supervisor, e que não estará mais tão próximo (presente em cada reunião) das células por ele geradas.
  • Como líder, não faça nada que alguém mais não possa fazer. Deixe que outros sirvam. Alegre-se em ver o Senhor usando outros para ministrar através do Seu Espírito, enquanto você os treina e discípula.
  • Para a glória de Deus, temos observado todos esses princípios em atividade nas igrejas engajadas na visão do DISCIPULADO. O ministério está colocado nas mãos do povo, e os santos estão fazendo o trabalho de ganhar e cuidar das multidões.
  • Dessa maneira, ao treinar os santos para fazer a obra do ministério, a equipe pastoral estará cumprindo a vontade do Senhor Jesus, como bem apresenta a declaração do Pacto de Lausanne, encabeçado por Billy Graham e John Stott: “A igreja toda levando o Evangelho todo para o mundo todo”. Lembrando sempre que a célula é a igreja!
  • Os santos bem treinados são como um time, um exército, que competem unidos, com a certeza de que a vitória é certa, sabendo que Aquele que disse: “estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”, estará mesmo!
  • E temos, nas palavras de Paulo, o propósito final de todo esse treinamento e cuidado:

Ef 4:13-16 (13) até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. (14) O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. (15) Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. (16) Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função.

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